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Crônica: Gesto emocionante

Vestidos de festa, sapato combinando, cabeleireiro programado. Flores, buffet, véu e igreja decorada. Os convidados, amigos, parentes, padrinhos, todos esperavam ansiosos a chegada da noiva. De-repente, a porta da igreja se abre, a música anuncia o início da cerimônia. É ela que vem deslumbrante até o altar pronta para a felicidade.

Nesse momento toda a atenção se concentra nela. No bordado do seu vestido, no comprimento do seu véu, no ritmo de seus passos, no olhar iluminado. Mas um gesto que sintetiza a grandiosidade daquele dia me emocionou. O carinho, o amor expressado por meio de um beijo, de um desejo de quero bem. Foi o que aconteceu quando o pai da noiva trouxe sua filha ao altar para casar. Quando se despediu dela emocionou qualquer um que viu de perto aquela cena.

Foi um beijo de eu te amo minha filha, quero que você seja muito feliz. Mais do que isso foi a maior expressão desse sentimento pouco demonstrado nos dias de hoje, e foi também a certeza de que com exemplo desse é natural que o jovem casal, ao selar seu compromisso de amor, seja muito feliz.

Lembro-me ainda que a noiva ao chegar ao altar vai ao encontro de seu então futuro marido com o mesmo amor e carinho demonstrado por seu pai. E eu que não me lembrava de ter chorado em casamento nenhum, vi algumas lágrimas saírem do meu rosto, o coração apertado e feliz por saber que ainda há pessoas que cultivam e valorizam o sentimento e que não tem vergonha nenhuma em demonstrar isso.

As pessoas esquecem que viver só é interessante se for para ser feliz, para melhorar a sua vida e a vida de cada um, de cada amigo. Também esquecem que a felicidade é impossível se não houver amor para dar e nem para receber, e isso eu posso generalizar e sem medo de ser piegas.

Na cerimônia, quando vi aquela cena, logo percebi que não estava perdendo o meu tempo com mais um casamento. Por isso pensei que a família não é uma instituição falida se compreendermos as pessoas, se solidarizarmos com elas, se formos tolerantes e principalmente se amarmos uns aos outros. Quem começa construindo esse sentimento são os mais velhos, por isso, é bem possível, que daqui a alguns anos eu posso ver os filhos da noiva e do noivo emocionarem mais pessoas.

Crônica feita em 2005

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